Toda criança precisa ir ao fonoaudiólogo?
Não.
A consulta deve ser marcada se o seu filho apresentar alguma alteração
ou atraso na fala que não seja esperado para a faixa etária dele. E não
existem dados nacionais, mas estima-se que 5% das crianças vão ter algum
tipo de dificuldade. O alerta de que haja um problema, em geral, vem do
pediatra ou da escola. “Mas sempre que os pais suspeitarem de
alterações devem procurar orientação do médico que acompanha a criança.
E, em todas as consultas, o progresso da linguagem é avaliado”, afirma
Sylvio Renan Monteiro de Barros, pediatra clínico e membro da Sociedade
Brasileira de Pediatria. Uma pesquisa norte-americana, feita com 88
crianças durante 20 anos, comparou esse processo de aquisição da
linguagem a um passeio de montanha-russa: até chegar a fluência, elas
vão adotando e abandonando padrões de fala, como trocar fonemas (o nome
que se dá ao som das letras) e omitir sons. O que isso significa? Que
seu filho pode apresentar alguns problemas enquanto está aprendendo a se
comunicar, mas que a maioria vai desaparecer naturalmente até os 5
anos.
Quais são os problemas de fala mais comuns e quando aparecem?
Que outros fatores podem prejudicar o desenvolvimento da fala?
Uma vez que a dificuldade foi constatada, devo ir logo ao especialista?
E o desempenho escolar, como fica?
A
principal preocupação é com a escrita. Seu filho só vai aprender a
escrever direito se conseguir discriminar os sons corretamente – se tem
dificuldade de articular o R e o L, vai transferir isso para o papel,
por exemplo. Uma fala com problemas também prejudica a comunicação com
outras crianças e dificulta a interação social.
Falar errado pode ser uma maneira de chamar a atenção?
Sim.
Isso pode ser reflexo de uma situação que a criança está com
dificuldade para lidar, como a chegada de um irmão. Se o fonoaudiólogo
identificar que a questão é comportamental, pode, por exemplo, dar
orientações do que fazer no dia a dia, como não reforçar ou corrigir o
erro. Ele também pode indicar uma consulta com um psicólogo.
Como é o tratamento para os problemas de fala?
Primeiro
você vai precisar encontrar um fonoaudiólogo (e, pasme, existe um tipo
de especialista para cada dificuldade da fala). A terapia, em geral,
acontece duas vezes por semana. Nas primeiras sessões, os pais entram
junto com a criança para ela ter mais segurança. De qualquer maneira, é
importante a sua participação, porque os exercícios feitos com o
especialista e as orientações devem ser repetidas em casa. Dependendo do
caso, é possível que a criança só vá ao especialista para que ele
acompanhe o progresso, e todo o restante do tratamento seja realizado
com a sua ajuda.
Qual a melhor maneira de estimular meu filho?
Uma
pesquisa da Universidade de Notre Dame (EUA) mostrou que, durante o
primeiro ano de vida, os bebês já identificam padrões de sons nas
palavras para começar a entender o significado delas. Isso significa que
eles treinam a fala muito antes de balbuciar as primeiras sílabas. Por
isso, converse sempre com o seu filho (nomeie as partes do corpo na hora
do banho, por exemplo) e crie oportunidades para ele falar. Se a
criança apontar para algo, diga o nome do objeto antes de atender ao
pedido dela. Quando disser algo errado, responda com a maneira correta,
sem corrigi-la para não gerar mais insegurança. E nada de falar em
“nenenês”. O tatibitate pode atrasar o aprendizado.
E mais...
Chupeta e mamadeira podem interferir no desenvolvimento da fala?
Sim,
principalmente se forem usadas depois dos 2 anos, quando os dentes de
leite já apareceram. São eles que vão posicionar a língua de uma maneira
adequada dentro da boca, e esses produtos alteram toda a estrutura
dela. Além do risco de entortar os dentes, a chupeta e a mamadeira podem
alterar as musculaturas da língua, dos lábios e das bochechas, que
ficam flácidas, e o padrão respiratório, o que, consequentemente,
atrapalha a fala.
Freio de língua preso é caso de cirurgia?
Nem
sempre. Um bom termômetro é a amamentação. Se o frênulo (ou seja, o
freio) for curto demais e atrapalhar a sucção do leite, é provável que
ele dificulte a elevação da língua e prejudique a articulação de alguns
fonemas mais tarde. A cirurgia é simples e pode ser feita desde os
primeiros meses de vida da criança. O médico faz uma incisão, com
anestesia local. Bebês fazem o procedimento no próprio consultório do
pediatra e, em alguns casos, nem precisam levar pontos. A recuperação é
rápida.
Fonte: Revista CRESCER
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário