A primeira delas é auxiliar a criança a verbalizar o que ela está
sentindo, como aconselha a psicanalista especializada em desenvolvimento
infantil Christine Bruder, do berçário Primetime Child Development
(SP): “Se a mãe explicar ao bebê que ele está chorando porque está com
raiva ou frustrado, ele vai aprender a conhecer seus sentimentos”. E não
ache que está falando em vão. Desde bem pequenas, as crianças entendem o
que ouvem, nem que seja apenas pela entonação dos pais.
2. Muita calma nessa hora
O segundo passo é dar alternativas para que a criança se acalme. Aqui
vale de tudo: um passeio no parque, fazer carinho no cachorro ou o bom e
velho colo, desde que não seja isso que ele está pedindo. O importante é
a mãe ajudar o filho a montar um repertório de soluções para manter a
calma e não deixar que o nervosismo tome conta.
A terceira tática é sempre conversar antes. Se você vai à casa de um
amigo ou ao shopping e sabe que seu filho costuma dar show nessas
ocasiões, explique tudo para ele antes. Diga o que vão fazer, aonde vão,
que ele precisa ficar ao seu lado ou ajudar nas compras, por exemplo.
Na primeira vez, pode não funcionar, e aí você deve lembrá-lo do que
conversaram. Fazendo desse combinado uma rotina, nas próximas vezes é
bem provável que dê certo.
A quarta dica diz respeito às regras. Uma boa forma de ensiná-las é, de
acordo com Christine Bruder, introduzir pequenas frustrações para
crianças em torno de 1 ano de idade, como, por exemplo, fazê-la esperar
um pouco pela mamadeira, não dar colo sempre que solicitado ou, ainda,
fazê-la aprender a esperar terminar uma conversa ao telefone para
brincar com os pais. “Frustração faz parte da vida. Se os pais forem
introduzindo isso de maneira singela, criam, a longo prazo, uma criança
emocionalmente mais forte, que aprende a tolerar, respeitar, a ser mais
confiante e mais segura”, explica a psicanalista. Seu filho não vai
aprender em uma única vez – você vai precisar conversar, falar e ensinar
de novo e de novo – e, claro, mesmo com todas essas técnicas, cada
criança tem um tempo para amadurecer.
Sono, fome, cansaço... Todas essas palavras se encaixam no quinto
passo. Isso porque esses sintomas normalmente são gatilhos para uma
crise de birra. Se o seu filho costuma ficar mais manhoso nessas
situações, tente preveni-las. Não marque uma ida ao mercado, banco,
manicure ou à casa de uma amiga justamente nos horários em que a criança
está acostumada a comer ou dormir. Mas, se não for possível e a birra
acabar acontecendo, seja mais paciente e compreensivo, afinal, até nós,
adultos, ficamos mal-humorados se estamos com fome ou sono, não é?
A sexta estratégia é para aquele momento imediatamente anterior ao
provável chilique, quando você percebe que o perigo está se aproximando.
Se vocês estão na loja de brinquedos e seu filho começa a insistir
muito que quer um, por exemplo, a melhor coisa é desviar o foco antes
que ele comece a bater o pé. Vale chamar a atenção para algo que esteja
acontecendo em outro ambiente, oferecer algum alimento do qual ele goste
ou até mesmo recorrer à história preferida dele.
A sétima, e talvez mais importante missão dos pais na operação
"antibirra", é o famoso LIMITE. Como escreve a psicóloga Tânia Zagury em
seu livro Limite sem Trauma (Ed. Record), “a criança nasce sem qualquer
noção de valores, sem saber o que é certo e errado. São os pais que
devem paulatinamente mostrar aos filhos o que se pode ou não fazer em
sociedade”. Por isso, especialistas concordam que, quando o seu filho dá
um chilique daqueles que todo mundo se sente no direito de julgar, das
duas, uma: ou os pais cedem com facilidade aos desejos da criança, ou
eles ainda não explicaram claramente que a vida é feita de regras.
Claro que é muito mais fácil dizer “sim” do que “não”. É muito melhor
você ter o rótulo de pai ou mãe mais legal do mundo do que ser chamado
de chato. Até por isso, muitos de nós têm dificuldade de definir até
onde o filho pode ir. E quando você não deixa claro desde cedo o que é
certo e o que é errado, não dá para exigir que seu filho controle as
emoções quando tiver um desejo negado – afinal, dificilmente ele
entenderá o porquê da proibição.
Texto retirado da REVISTA CRESCER.