Você sabia que o cérebro, essa máquina tão complexa, é uma das
primeiras coisas que se formam no bebê? Já na segunda semana de
gravidez, quando ele mede apenas três milímetros, surge o tubo neural,
estrutura embrionária que vai dar origem ao cérebro e à medula espinhal.
Na quinta semana, os hemisférios direito
(responsável pelas funções espaciais e visuais) e esquerdo (responsável
pela linguagem) já começam a ser formados. O ápice da produção de
neurônios acontece na 10ª semana e, daí por diante, o bebê já reage a
sons, mexe os bracinhos e começa a acumular uma série de experiências.
“Após o nascimento, o cérebro da criança continua a se
desenvolver, atingindo o auge nos primeiros 3 anos. Até os 8 ou 9 anos
existem algumas áreas que ainda não estão completamente formadas”,
explica o neuropediatra Luiz Celso Vilanova, da Universidade Federal de
São Paulo.
Como a biologia manda, o cérebro do
seu bebê vai crescer de qualquer jeito, mas nada impede que você dê uma
forcinha para que ele se desenvolva de maneira mais completa. Nós
elencamos sete dicas valiosas. Confira:
1. Companheiro de todas as grávidas: ácido fólico
Esse
nutriente ajuda a formar o tubo neural da criança e é tão importante
que os médicos a indicam mesmo antes da gravidez. A recomendação do
Departamento de Saúde dos Estados Unidos, mantida pela Agência Nacional
de Saúde, é de que as grávidas precisam de 0,4 a 0,8 miligramas de ácido
fólico por dia no período de três meses antes da concepção e três meses
depois.
“Para se conseguir as doses diárias, a
mulher precisa estar com o pré-natal em dia e seguir uma alimentação
balanceada. O ácido fólico está presente em cereais integrais, vegetais e
folhas verdes escuros, feijão e suco de laranja”, afirma a
nutricionista Juliana Dragone (SP).
2. Peixe amigo
Essa
carne branca é rica em ômega-3, uma gordura importante para a formação
da membrana externa das células cerebrais. Ela permite uma troca rápida e
mais eficaz de ‘mensagens’ entre as células nervosas. Por isso, a
grávida pode abusar de salmão, atum e sardinha. “Só é preciso evitar
peixes com muita concentração de mercúrio, como cação e peixe-espada.
Esse metal passa pela placenta e pode trazer danos neurológicos ao
bebê”, explica Juliana.
3. Quanto mais interação melhor
Após
o nascimento, a criança aproveita melhor o estímulo se houver interação
com os pais, como explica o neuropediatra: “É importante a mãe
conversar com a criança, falar devagar, usando expressão facial, sempre
olhando nos olhos dela, falar o nome dela, o nome do pai. Mesmo que o
bebê ainda não entenda o significado daquilo, conversar vai fazer com
que o cérebro fique mais preparado para, aos poucos, ir entendendo
melhor a linguagem.”
4. Carinho de mãe
Um estudo feito pelo
Baylor College of Medicine,
no Texas, nos Estados Unidos, mostrou que crianças que não são
frequentemente tocadas ou acariciadas pelos pais têm áreas do cérebro
menores em comparação as outras crianças da mesma idade. Por isso, o
contato físico com o filho, além de ser uma demonstração de carinho, dá a
ele uma vivência nova, que ele não pode experimentar quando estava
dentro do útero da mãe. Um abraço ou uma massagem corporal ajuda a
diminuir o estresse do bebê e aumenta os sentimentos de bem-estar e
segurança emocional.
5. Hora de brincar
E
existe maneira mais gostosa de aprender do que brincando? É nessa
experiência de descobrir objetos diferentes, coloridos, brilhantes com
texturas e funções diferentes que a criança vai desenvolver melhor suas
funções, como a visão e o tato, além de ativar regiões no cérebro que
liberam noradrenalina, substância que ajuda no aprendizado. Mas o
neuropediatra alerta: “O brinquedo é apenas um instrumento. Não adianta
os pais deixarem a criança com um monte de objetos legais e ficarem
falando ao celular, por exemplo. É importante haver uma interação, os
pais precisam participar dessas brincadeiras, principalmente nos
primeiros anos de vida do filho”.
6. Aguce a imaginação com a leitura
Ajudar
seu bebê a desenvolver uma paixão precoce por livros é um bem que ele
vai carregar para o resto da vida. Se a criança for muito pequena,
escolha livros com imagens grandes e coloridas e leia muito para ela,
variando o tom de voz conforme a história. Simplifique ou elabore mais
do que a situação descrita e incentive a criança a participar de alguma
forma. Especialistas afirmam que a construção da linguagem receptiva do
bebê (compreensão das palavras faladas) é, num primeiro momento, mais
importante do que o desenvolvimento de sua linguagem expressiva, ou
seja, da fala.
7. Música para despertar emoções
Esse
tópico pode começar a ser trabalhado desde a gravidez, afinal, música
tem o poder de despertar emoções, não é mesmo? E isso é extremamente
estimulante para o cérebro, conforme explica o neurologista infantil
Mauro Muszet, da Unifesp: “Quanto mais precoce os pais apresentarem a
música como forma positiva, relaxante, maior é a tendência de a criança
valer-se dela para desenvolver a linguagem e o aprendizado. Além disso,
crianças com inclinação musical têm potencialmente maior possibilidade
de lidar melhor com aspectos emocionais”.
Agora
que você já leu todas as dicas, saiba que de nada elas adiantam se não
houver dois ingredientes essenciais para qualquer tipo de
desenvolvimento, seja ele biológico ou emocional, do seu filho:
amor e
muita dedicação. Você pode colocar uma ou duas dessas dicas em práticas,
mas, se houver muito amor, o desenvolvimento - certamente - será pleno.
Texto retirado: REVISTA CRESCER